sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

'-'

E tanto tempo faz que eu não despendo meus minutos ociosos dando vida a papéis brancos, não que me falte inspiração – as vezes me falta coragem – mas inspiração, raramente. Me falta também cenas ou frases interessantes, acontecimentos... ora são fortes demais e me impedem de transcrevê-lo, ora são irrelevantes. Mas eu estive com saudades do pensar, do imaginar, do sentir o que não sinto, ou de fingir sentir o que eu realmente vivo. E cá pra nós, egoísmo meu, dizer que não há nada pra ser abordado, como não? Em um trajeto pelas ruas se vê tanto, se aprende tanto, mas o ritmo intenso, as buzinas, o movimento nos impede de olhar além do óbvio. Certo dia, a caminho de casa, me deparei com um casal de adolescentes, sentado numa praça, olhando um para o outro, tímidos, desconfiados – talvez até escondidos, mas felizes, dava pra sentir o bem que um fazia para o outro –pelo menos ali, naquele momento do jeito que estavam. Os olhares eram ingênuos, com um brilho inocente de quem ainda não chorou com a solidão, de quem ainda não dormiu pra apagar alguma dor que pulsava forte. As mãos atadas como quem espera um futuro a dois, embora jovens, mas acima de tudo sonhadores. Um sorriso de preencher os olhos, ambos não se cansavam de se mostrar feliz, de se fazer feliz. Talvez adolescentes não conheçam o amor, não sintam ainda o seu gosto, mas ao menos ali, parados na praça, eles eram uma prova viva de sentimento, de fidelidade, de um futuro. Eu sorri, aquilo me deu paz, como se pudessem satisfazer corações alheios, ou reparar os danos que a saudade trás ao meu. Bom vê-los, bom senti-los, bom transcrevê-los.

Não sei se isso foi um retornou ou um momento único de inspiração, em todo caso, estava com saudades ;)
@gesdiniz