Ao contrário da sua promessa tão acolhedora eu me senti vazia, aspirei todas as cobertas e até o travesseiro guardado no armário e não senti nem rastro do seu perfume. Eu não queria, mas alguma intuição forte e real demais tentava me alertar para o caminho incerto que as coisas estavam tomando e eu não podia me ausentar da culpa. Eu sempre tive muito medo de perder tudo que você me proporcionou, mas eu nunca tinha me sentido tão perto disso. Havia uma vontade mínima de chorar, mas seria inútil, você não veria nem estaria aqui pra impedir que as lágrimas molhassem meu rosto. Eu podia está certa ao ler a indiferença em cada uma das suas palavras, ou talvez seja só essa certeza ridícula de que o tempo é mesmo devastador que está tirando os meus pés do chão. Eu ia mesmo lhe perguntar uma única vez se ainda havia alguma coisa a ser dita, a negação era certa - você não seria capaz de ler a insegurança nos meus olhos ou talvez ela não te interesse mais. Eu tenho consciência do quanto seria egoísta se te exigisse uma entrega plena em troca de uma parcial. Eu não queria nem posso perder você... também não posso te roubar a felicidade. Seja feliz meu amor, eu aplaudirei você escondido em algum dos meus medos e quem sabe um dia seja capaz de falar das certezas que eu tenho, mas que você desconhece.
Sonhos são só sonhos né? Pelo menos é o que eu espero...